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Museu Nacional de História do Japão

Guia de visita ao Rekihaku

O Museu Nacional de História do Japão, comummente chamado “Rekihaku”, faz parte de um Centro de Investigação em História, Arqueologia e Etnografia do Japão, sendo por isso tanto um museu do tipo para-toda-a-família como uma instituição para a investigação e ensino. Nas salas de exposição todas as legendas e materiais suplementares de informação estão em japonês, embora títulos, datas e alguns textos pontuais estejam também traduzidos para inglês. É possível, por um preço suplementar ao do bilhete, fazer uma visita guiada com um áudio-guia em inglês. Neste caso a informação é integralmente traduzida, sendo muito completa e interessante. O parque onde está o Museu também tem as ruínas de um castelo e passeios muito agradáveis perto do rio, sendo um bom sítio para um piquenique depois de uma visita cultural.

Tal como em muitos outros museus do mundo, nas salas de exposição não pode usar flash na sua máquina fotográfica, não pode comer e não pode beber. Para além disso, neste Museu também não pode ter consigo malas, tripés ou bastões de smartphone, falar alto, usar saltos de sapato que façam barulho, nem usar canetas (eu estava a tirar apontamentos e foram pedir-me que não usasse caneta, mas ofereceram-me um lápis, com grande cortesia). Irá notar que a luz nas salas é muito fraca, mas não pode ligar uma lanterna ou a luz do seu telemóvel para ver melhor. Os museus japoneses (e orientais em geral) não costumam ter em exposição as peças genuínas, mas sim réplicas exatas, estando os originais devidamente depositadas em cofres-fortes por causa do seu valor. Contudo, neste museu, grande parte das peças são originais, e por isso o museu considera as suas salas cofres-fortes, o equivalente a estarmos no local mais valioso de um banco, sendo por essa razão que algumas das condições de segurança e comportamento são mais estritas. Se estiver a visitar com crianças, solicite na entrada os livros de atividades ou adquira materiais para a criança estar mais confortável e entretida durante a visita. E, se possível, mantenha-a junto a si, já que não é permitido correr nas salas de exposição.

Se estiver a fazer o trajeto Narita-Tóquio, na linha Narita, a estação onde deve sair para visitar este Museu é Sakura, mas apenas se não estiver a usar um comboio que seja expresso para o aeroporto (porque esses não param nas estações intermédias). Sakura é aliás um bom sítio para ficar alojado se quiser poupar nessa despesa, já que pode aceder ao centro de Tóquio facilmente de comboio ficando num hotel confortável e barato muito perto da estação. Se estiver a usar a linha Keisei, deve sair na estação Keisei-Sakura (ao lado do hospital). Esta estação fica mais perto do Museu do que a anterior, mas em todo o caso é sempre preciso fazer uma caminhada, por isso é conveniente levar calçado confortável e proteção para o sol. Se for de carro, na cidade de Sakura deve seguir pela estrada 296 e quando estiver lado a lado com a linha de comboio Keisei (a linha estará do lado direito se conduzir no sentido Este-Oeste) vire na interseção que está devidamente indicada com o nome do Museu. O nome está em caracteres japoneses mas também está, mais pequeno, em inglês: National Museum of Japanese History. O Museu fica um pouco retirado da povoação, dentro de um parque, entre os bairros de Jonaicho, Tamachi e os canais do rio Kashima.

Este Museu recebe visitantes entre as 9:30 e as 16:30 (16:00 nos meses de inverno), mediante a aquisição de um bilhete que custa 420 ienes (pouco mais de 3 euros). Se estiver a decorrer uma exposição temporária, esta pode requerer a compra de um bilhete em separado. Está fechado às segundas-feiras, mas quando na segunda-feira é feriado nacional está fechado na terça-feira seguinte. Também está fechado no período de 27 de dezembro a 4 de janeiro. A visita à coleção permanente deste Museu, baseada no áudio-guia, dura aproximadamente uma hora e meia.

Visita à coleção permanente

Este Museu é a principal instituição de educação sobre a história do Japão a nível nacional, é também a mais completa e a que tem recursos mais significativos, sendo por isso um local visitado pelas escolas e pelas famílias. Apesar disso, não sentirá a sala cheia, e terá uma visita tranquila, já que existem períodos específicos do ano para as visitas escolares. Se tem interesse na história do Japão, este é absolutamente o melhor sítio em todo o arquipélago para saciar a sua curiosidade. As exposições fazem uso de todo o tipo de ferramentas pedagógicas: grandes placares com mapas, maquetas, reconstituições de cenários, mostras de exemplares ao longo do tempo, etc. Apesar de se focar na história e antropologia, não falta a relação com a geografia, biologia, arte e cultura sempre que isso ajuda a esclarecer um assunto ou objeto. Se o Museu não possui o original de uma certa peça que seria conveniente mostrar para melhor esclarecer um certo tópico, fazem uso de réplicas ou fotografias. Nenhum esforço foi poupado para que saia do Rekihaku um mestre de história do Japão.

Para o visitante de Portugal existem coisas muito interessantes. Nas salas dedicadas ao período Muromachi e início do período Edo, poderá ver mapas, tabelas, esquemas e exemplos do ambiente único que se viveu nessa época, no qual muitos elementos ocidentais deram entrada no Japão por via do trato comercial com os mercadores portugueses e influência dos missionários cristãos. Por exemplo, existe um esquema que mostra as várias palavras de língua portuguesa que foram adotadas pelos japoneses, com o desenho do objeto correspondente. Também existe uma reprodução da carta enviada por Dom Duarte Vice-Rei das Índias a Toyotomi Hideyoshi em 1588. Nessa carta o Vice-Rei dá muitos agradecimentos ao líder japonês, tratando-o como um igual, e especificamente agradece-lhe por ter recebido tão bem os padres portugueses e os missionários que chegaram ao Japão por via das naus portuguesas. Refere ainda que está recetivo a ter boas relações entre os territórios que lhe foram confiados (as Índias) e o Japão, e remata com a descrição de uma série de presentes que foram junto com a carta, entre os quais dois cavalos e uma tenda completa para acampamento.

Espero que tenha oportunidade de visitar este Museu, já que fica convenientemente localizado entre o aeroporto de Narita e a cidade de Tóquio, e talvez até seja boa ideia explorá-lo como uma introdução à sua estadia no Japão.

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